quinta-feira, 11 de abril de 2013

Caos vital




Macho e fêmea. Branco e preto. Amarelo. Vermelho de raiva. Sexo e vergonha. Adulto infanto-senil. Ao mesmo tempo, de vez em quando e agora. Sou o objeto, o espelho e a imagem. O sonho e a (ir)reali(dade)zação. Ferida e cura. O soco, o rosto, a lágrima e o lenço. Inesperadamente surpreendo. E frusto. De repente quero. Mas não quero mais. Num caos psicológico, fisiológico, ético, genético, estético, temporal. Caos vital. Inevitável.? Psicodelismo impensado de pensamentos e sentimentos e pensamentos e sentimentos e nada. A definição denotativa do indefinido. A metáfora absurda do racional.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ilusão


Fechou os olhos.
- Não se preocupe, vai ficar tudo bem - disse a si mesmo enquanto caía.
A ilusão partida no alto do edifício. No vento. Nos seus ossos.


domingo, 8 de abril de 2012

Começo, meio e fim




                Olhe para mim. Finja-se tímida. Desvie o olhar. Olhe de novo e sorria ao meu sorriso. Segure minha mão. Diga sim. Beije-me. Faça-me perguntas tolas e importantes. Conheça meus gestos e minhas manias. Sonhe comigo. Sinta seu coração se encher de alegria quando pensar em mim. Faça planos. Sinta saudades. Abrace-me. Mate as saudades. Deite lentamente sua cabeça sobre meu peito. Seduza-me. Sinta meu cheiro. Entregue-se. Tire minha roupa. Mostre-se nua. Morda suavemente meus lábios. Cale minha boca. Nade em meu corpo. Envolva-me. Beba minha essência. Algeme a sua alma a minha. Viva comigo. Compartilhe meus dias, meus anos. Minta para mim. Grite comigo. Chore por mim. Tenha raiva de mim. Esqueça-me. Suspire pelo vazio de agora. Enterre-me sob sua indiferença. Olhe para o lado e não me encontre lá. E então, só então procure por mim. E verá. Meus pés não tocam o chão. Meu corpo em espasmos de despedida. A dor de te perder arranca-me a vida, qual laço agora me tira o ar.


domingo, 4 de março de 2012

Feliz Aniversário




Não me tornei astronauta. Nunca fui o melhor aluno. Não fui o melhor filho. Não fui o melhor pai. Nunca plantei uma árvore. Não viajei conhecendo o mundo. Não ganhei na loteria. Não comprei a casa que sempre quis. Não tenho o trabalho que sempre quis. Nunca ganhei uma briga, por nunca ter entrado numa briga. Nunca pulei de paraquedas. Não tenho amigos. Não fui capaz de fazê-los ficar.  Não me arrisquei a roubar um beijo seu naquela noite. Não vivi o amor, não o que é eterno. Não me lembro mais dos seus olhos, do seu sorriso. Não tenho orgulho do passado. Não tenho esperança no futuro.
- Apague as velas!
Um sopro e minha realidade diante de mim. Cinzenta, solúvel, fugaz.


domingo, 12 de junho de 2011

Quanto tempo...

É...já faz mais de uma mês desde o último texto. Muito tempo, verdade. Posso me justificar pela falta de tempo? Viagens do trabalho, provas da faculdade...Tempo demais para o blog, pouco tempo para mim. Fantástico e irritante relativismo.

Enquanto termino um novo conto, que é sobre - adivinhem - o tempo, publico um conto mais velho, A mosca na sopa.


domingo, 24 de abril de 2011

Uma só companhia

Um só prato à mesa. Uma só escova de dentes no banheiro. Um só par de chinelos. Um só lado da cama revirado. Um só cheiro. Uma só respiração. Uma só voz. Um só coração. Só um vazio. Um só corpo. Só um corpo. Um só nome. Um só pronome. Sempre. Uma só pessoa. Uma só presença. Todas as ausências. Minha mente sozinha. Meus pensamentos sozinhos. Minhas frases sozinhas. Minhas vontades sozinhas. Meus sonhos sozinhos. Uma só impressão. Um só apreciar da luz da lua que entra pela janela. Um só fechar de olhos ao adormecer. Uma só companhia. Ela está aqui. Vela meu sono. Um só passado. Uma só história. Só uma história sem graça. Uma só vida. Só uma vida. Vivida pela metade.